1. |
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Mais um entre outros bípedes
Mas apenas nós fazemos lápides
Não é isso exatamente um mérito
É o auge do homo economicus
Fato que não nos torna êxito
Vivemos bem menos que o plástico
Pegos pelo fetiche. Fetiche em índices
Sem acesso a direitos básicos
Inútil e incrível
Palavra e revólver
Verdade é possível?
Afeto da agulha
No ponto pouco após o vértice
Negamos toda e qualquer lógica
Viver é um processo mórbido
O sol nasce também para o ácaro
Mas só nós nos julgamos célebres
Na poeira há seres mais íntegros
O sintoma manipula. Manipula a síntese
A vida passa sob o semicírculo
Inútil e incrível
Palavra e revólver
Verdade é possível?
Afeto da agulha
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2. |
Febril
04:31
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A produção fabril, a produção febril do vazio
A porta não abriu, conjunção de abril, era frio
Bem antes das seis, como em todo mês, já desperto
Mesmo assim tão cedo, pressentia o medo, ali perto
Ficam da luz seus vestígios
Figuras disformes e vultos
O claro e o escuro, litígios
Obscuridade e seus cultos
Podendo ser grifo ou definhar de tifo, sempre um talvez
Morria entre papéis, cortando os pés em porquês
Em cada decisão, a interrogação e seu peso
Tendo em suas mãos, o seu coração, segue preso
Ficam da luz seus vestígios
Figuras disformes e vultos
O claro e o escuro, litígios
Obscuridade e seus cultos
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3. |
O Inferno É O Espelho
03:53
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ENTERRADOS VIVOS
SOB TERRA E CINZAS
DOR E DESENGANO
É ISTO A CIVILIZAÇÃO!
O INFERNO É O ESPELHO
E SOMOS TODOS IGUAIS
COMBUSTÍVEL E PRODUTO
O ÓLEO DA MAQUINARIA
COMO O CÂNCER
NOS ESPALHAMOS
UM APETITE DE MORTE
GUIA NOSSOS PASSOS
SÓS NA MEGALÓPOLE
SOBREPOSTAS NEUROSES
NAS MÃOS HÁ CÂIMBRAS
OS INIMIGOS NA CALÇADA
OS GRITOS ABAFADOS
POR ÔNIBUS E SUJEIÇÃO
CORAÇÕES E BUEIROS
ESPERAM EM VÃO A CHUVA
COMO O CÂNCER
NOS ESPALHAMOS
UM APETITE DE MORTE
GUIA NOSSOS PASSOS
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4. |
Impermanência
03:56
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O mundo na ponta dos dedos
Mas submissos a tantos medos
Aceitamos todas essas migalhas
Nos entregamos à correnteza
Aceitamos cada falsa certeza
Convictos como navalha
A morte ronda as salas de espera
Há algo de vil na paciência
Soterrados por glória e carros
Sufocados: elogios e escarros
Modernos até a medula
Fazemos trilhas por entre o lixo
Tropeçando em cada capricho
Que nos afaga e estrangula
A morte ronda as salas de espera
Há algo de vil na paciência
Nada podemos contra essa fera
Condenados à impermanência
A morte ronda as salas de espera
Há algo de vil na paciência
Nada podemos contra essa fera
Condenados à impermanência
A morte ronda as salas de espera
Há algo de vil na paciência
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5. |
Algoritmo
02:57
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Nossas dores convertidas em espetáculo
Sofrer a sós é hábito de um mundo morto
Engajar é enganar por meio do algoritmo
Novo ritmo: sempre absorto
Sob a luz, cada pequeno pedaço da intimidade
Nos faz mosaico e serviçais da transparência
A lágrima se vê corrompida em seu intuito
Fortuito ativo que brota da imanência
O frenesi do agora turva as consciências
Saber é aceitar e sobreviver a um massacre
O hipertexto expõe toda a sua fugacidade
A cidade é um acervo de dados de sabor acre
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